Plano de classificação

Tipo de entidade:Pessoa singularGodinho, Januário. 1910-1990, arquitetoOutras formas do nome:Almeida, Januário Godinho deData(s):1910-08-16 - 1990-07-13 (nascimento e morte)1930 (estudo para projeto de dispensário infantil no jardim do Carregal, no Porto, em colaboração com Joaquim Areal)1930 (início da colaboração com a Sociedade de Engenharia de Obras Públicas e Cimento Armado)1932-1938 (estágio no atelier dos arquitetos Rogério de Azevedo e Baltasar de Castro)1933 (habitação Ferreira Alves, na rua Álvares Cabral, no Porto)1933 (casa do engenheiro José Praça, na rua de Naulila, no Porto)1934 (mercado do Peixe de Massarelos, no Porto)1934 (bairro José da Silva Lourenço, na rua da Friagem, atual rua Marques da Silva, no Porto)1935 (prédio de habitação Cogorno de Oliveira, na praça Pedro Nunes, no Porto)1935 (bairro José da Silva Lourenço, na rua Arquiteto Marques da Silva, no Porto)1935 (projeto de Concurso de Urbanização das Termas do Gerês)1936 (bloco residencial Manuel Duarte, na rua Santos Pousada, no Porto)1939 (prédio da cooperativa O Problema da Habitação, na rua de Gondarém / rua da Agra)1940 (casa Alves Barbosa. na rua de Santa Catarina, no Porto)1941 (apresentação do Concurso de Obtenção do Diploma de Arquiteto, com o estudo para o hotel do Parque Vidago, com a classificação de 20 valores)1941 (casa Afonso Barbosa, em Vila Nova de Famalicão)1941 (casa Salgado Lencart, na rua Bartolomeu Dias, no Porto)1941 (farmácia Sá da Bandeira, no Porto)1943-1953 (projeto da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal)1947 (HICA-Salamonde - central hidroelétrica e bairros sociais)1948-1950 (HICA-Vila Nova: central hidroelétrica, pousada e bairro do pessoal)1949 (casa Januário Godinho, na rua Alberto de Oliveira, no Porto)1949 (bloco residencial M. Fernandes Forte, na rua Luís Woodhouse)1950 (mercado de Ovar)1950 (HICA-Salamonde: pousada)1950 (casa Manuel Godinho, na avenida do Restelo, em Lisboa)1950-1951 (HICA-Caniçada: bairros sociais, restaurante/dormitório e central hidroelétrica)1950-1955 (paços do concelho e tribunal de Vila Nova de Famalicão)1951 (casa Manuel Gonçalves, em Vila Nova de Famalicão)1951 (plano parcial de urbanização da zona da Arrábida: sistema rodoviário a partir da ponte de D. Maria Pia)1952 (paços do concelho de Amarante)1952 (buvette das Termas de Chaves)1952-1957 (ampliação da União Elétrica Portuguesa, na rua Alexandre Herculano, no Porto)1953 (integra o grupo de trabalho Construções Escolares, no Congrsso da União Internacional de Arquitetos, em Lisboa)1953 (prédio da cooperativa O Problema da Habitação, na rua do Conde de Avranches, no Porto)1953-1955 (palácio de Justiça de Tomar)1953-1962 (tribunal do Funchal)1957 (plano parcial de urbanização da zona do Palácio da Justiça de Lisboa)1958-1959 (HICA-Pisões: central elétrica e pousada)1959 (mercado de Amarante)1959-1961 (edifício Calouste Gulbenkian no Laboratório Nacional de Engenharia Civil, projeto em colaboração com o arquiteto João Andresen)1959-1967 (Banco Comercial de Angola, em Luanda, Angola)1960 (tribunal de Vila do Conde)1960 (prédio de habitação plurifamiliar Tomé Feteira, em Lisboa)1960-1965 (tribunal de Ovar)1963 (casa Maria João Araújo, na rua António Cardoso, no Porto)1963 (tribunal de Amarante)1963-1966 (palácio de Justiça de Lisboa)1968-1970 (plano de urbanização para a Baixa de Coimbra)1969-1972 (Centro Comercial do Louro)1970 (oficinas da União Elétrica Portuguesa, na rua do Freixo, no Porto)1971 (balcão do Banco Pinto e Sotto Mayor, na rua de Ceuta, no Porto)1974 (balcão do Banco Pinto e Sotto Mayor, na rua de Sá da Bandeira, no Porto)1979 (Casa de Compostela, em São Cosme do Vale, Vila Nova de Famalicão)1980 (Banco Totta e Açores, na rua Alferes Malheiro, no Porto)História:Januário Godinho nasceu a 16 de outubro de 1910, em Santa Maria de Válega, Ovar, filho de António Godinho de Almeida e de Albina de Jesus Lopes Godinho. Em 1925, com 15 anos, ingressa no Curso Preparatório ao Curso de Arquitetura, na Escola de Belas-Artes do Porto, que completa ao fim de três anos, altura em que se matricula no Curso de Arquitetura Civil, no mesmo estabelecimento de ensino. Entre 1932 e 1938 estagiou no atelier dos arquitetos Rogério de Azevedo, participando ativamente no desenvolvimento do seu trabalho (em 1932-1933, este arquiteto confiou-lhe o projeto para a habitação Ferreira Alves, na rua Álvares Cabral, no Porto), e Baltasar de Castro. Apenas apresentou o Concurso de Obtenção do Diploma de Arquiteto em 1941, com o seu estudo para o hotel do Parque Vidago, no qual obtém a classificação de 20 valores. Foi um arquiteto que desenvolveu a sua atividade profissional na cidade do Porto, tendo colaborado com figuras eminentes da arquitetura portuguesa. O seu trabalho plasma a influência do reportório formal e decorativo de arquitetos holandeses da primeira metade do século XX, à obra teórica e edificada do arquiteto Frank Lloyd Wright, secundarizando eventuais influências diretas das arquiteturas do Movimento Moderno, cujos conceitos e práticas fundadoras interroga. Projetou obras de arquitetura em diversos pontos do país, em contexto urbano e rural, atravessando, naturalmente, diferentes períodos da história da arquitetura de Portugal. Ao observarmos a lista de obras projetadas e construídas, surpreende a diversidade de encomenda e a forma como as suas obras se distribuem pelo território: edifícios escolares (projetos no Porto, Chaves, Funchal, etc.), bancários (Luanda, Vila Nova de Famalicão, Aveiro, Porto, etc.), tribunais (Ovar, Vila do Conde, Évora, etc.), para lá de paços do concelho, termas, teatros, sanatórios, restaurantes, pousadas, monumentos, mercados, edifícios industriais, igrejas, hotéis, imóveis de habitação unifamiliar e plurifamiliar, e planos urbanos. Desta forma, a sua obra surpreende-nos pelo profundo ecletismo, não se detendo em estilos, materiais ou linguagens particulares, sendo possível encontrar em edifícios temporalmente próximos opções arquitetónicas distintas. Do seu legado arquitetónico mais significativo sobressai a eminente modernidade presente em algumas obras, nomeadamente aquelas de estética mais despojada e gráfica. No Porto, são relativamente conhecidas as suas casas de inspiração art-déco ou o Mercado do Peixe de Massarelos, dos anos 30. Pelo contrário, prédios do começo dos anos 60, vincadamente urbanos, correntes e convencionais, ou as casas e prédios de linhas tradicionais, compactos e maciços são com maior facilidade ignorados. Percorrendo as suas obras, das mais emblemáticas às mais anónimas, dos edifícios de maior monumentalidade à escala mais modesta, observa-se que temas decorativos, revestimentos ou opções cromáticas, percorrem edificações que, do ponto de vista formal ou tipológico, nada têm em comum. A relação entre a paisagem e o espaço interior, o ritual dos acessos, a atenção à criteriosa escolha dos materiais de revestimento e a tendência para o desenho de todos os elementos, desde os ferros forjados aos peitoris/bancos, são sinais facilmente identificáveis de preocupações que definem a sua arquitetura, coerentemente pensada e construída. A estes indicadores haverá que juntar a sensibilidade ao contexto urbano e, inerente, determinação de cada edifício na preexistência (veja-se o caso do tribunal de Ovar ou da ampliação do edifício da União Elétrica Portuguesa) ou na paisagem (como, por exemplo, nos edifícios da Hidroelétrica do Cávado), como se verificou na maior parte dos seus edifícios. Mais importante do que ter incorporado princípios de modernidade, o valor do legado arquitetónico de Januário Godinho emerge pela forma como a maioria das duas obras permanece no tempo, sem conflito nem contraste com a envolvente circundante e recorrentemente num ambiente de alguma discrição. As suas principais obras são: o Mercado do Peixe de Massarelos, no Porto, as pousadas realizadas para a Hidroelétrica do Cávado, para Vila Nova, Salamonde, Sidroz e Pisões, a casa Afonso Barbosa, em Famalicão, a sede da Hidroelétrica, no Porto, os palácios da Justiça de Tomar, de Vila do Conde, de Ovar e de Lisboa, em coautoria com João Andersen, o edifício Calouste Gulbenkian no LNEC - Laboratório Nacional de Engenharia Civil, em Lisboa, igualmente em coautoria com João Andersen, e os planos de urbanização de Coimbra e de Amarante. Januário Godinho falece a 13 de julho de 1990, com 79 anos, 50 dos quais de atividade.Lugares:Santa Maria de Válega (Ovar)PortoFunções, ocupações e actividades:ArquitetoMandatos/fontes de autoridade:Curso Preparatório ao Curso de Arquitetura na Escola de Belas-Artes do Porto (1928)Diploma Oficial de Arquiteto (1941)Identificador do registo de autoridade:01602Identificador(es) da instituição:PT/AMLSBRegras e/ou convenções:ISAAR(CPF)PORTUGAL. Direcção-Geral de Arquivos. Grupo de Trabalho de Normalização da Descrição em Arquivo - Orientações para a descrição arquivística. 2ª v. Lisboa: DGARQ, 2007. ISBN 978-972-8107-91-8.NP 405-1. 1994, Informação e Documentação - Referências bibliográficas: documentos impressos. Lisboa: IPQ.Línguas e escritas:PortuguêsFontes:AGAREZ, Ricardo Costa - O moderno revisitado: habitação multifamiliar em Lisboa nos anos de 1950. Lisboa: Câmara Municipal, 2009. p. 266.FERNANDEZ, Sérgio - Januário Godinho - Profissional controverso. In A. Cardoso, F. Sales & J. C. Pimentel (eds.), Januário Godinho - Leituras do Movimento Moderno. Porto: Centro de Estudos Arnaldo Araújo da CESAP/ESAP. 2012.PEDREIRINHO, José Manuel - Godinho de Almeida, Januário. In Dicionário dos arquitetos ativos em Portugal do século I à atualidade. Porto: Afrontamento, 1994. p. 121-122.PIMENTEL, Sofia da Silva - Januário Godinho e os Bairros da HICA: Vila Nova, Salamonde, Caniçada. Prova final para licenciatura em Arquitetura. Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto, 2006.PORTAS, Nuno - Januário Godinho.1910 -. In Desenho de Arquitetura. Património da Escola Superior de Belas-Artes do Porto e da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto. Lisboa: Sociedade Nacional de Belas Artes, 1987.SALES, Fátima - Januário Godinho na arquitetura portuguesa 1910 - 1990: a outra face da modernidade. Dissertação de Doutoramento. Escuela Tecnica Superior de Arquitetura da Universidad de Valladolid, 2000.SALES, Fátima. Januário Godinho: Arquitetura, paisagem e cultura urbana: Aspetos a reavaliar. Porto: Escola Superior Artistica do Porto, 2005.TAVARES, André - Duas obras de Januário Godinho. Porto: Dafne Editora, 2012.TOSTÕES, Ana - Arquitetura Moderna Portuguesa: 1920-1970. Lisboa: IPPAR, 2003.