Plano de classificação

Tipo de entidade:Pessoa singularAfonso V. 1432-1481, rei de PortugalOutras formas do nome:O AfricanoData(s):1432-01-15 (nascimento)1438-1481 (reinado)1438 (Cortes de Torres Novas)1439 (Cortes de Lisboa)1446 (Ordenações Afonsinas)1447-05 (casamento com D. Isabel de Lencastre)1449-05-20 (batalha de Alfarrobeira)1455 (nascimento do infante D. João, herdeiro do trono)1458 (conquista de Alcácer Ceguer)1471 (tratado de Arzila)1475 (casamento com D. Joana de Portugal)1476 (batalha de Toro)1479 (batalha de Mérida)1479 (tratado de Alcáçovas Toledo)1481-09-28 (morte)História:D. Afonso V nasceu em Sintra a 15 de janeiro de 1432. Filho do rei D. Duarte e da rainha D. Leonor de Trastâmara. O seu cognome é o Africano. Na sequência da coroação do seu pai D. Duarte, em 1433, é jurado herdeiro do trono de Portugal, recebendo o título de príncipe. D. Duarte morreu em 1438 e D. Afonso V é aclamado rei de Portugal. O novo rei tem apenas seis anos de idade, segundo o testamento régio a regência do reino cabe à sua mãe, D. Leonor. No entanto, esta é vista como estrangeira, criando opositores que preferiram uma regência a cargo do infante D. Pedro, tio de D. Afonso V. Nas primeiras cortes do novo reinado, que ocorreram em Torres Novas em novembro de 1438, acordou-se um tipo de regência tripartida com as participações de D. Leonor, do infante D. Pedro, duque de Coimbra e de D. Fernando, conde de Arraiolos. A luta política entre as fações acentuou-se e, nas cortes de Lisboa de 1439, o infante D. Pedro foi eleito regente do reino, substituindo D. Leonor em 1440. A oposição à rainha agudizou-se obrigando-a a exilar-se em Castela. Por testamento o rei D. Duarte tinha nomeado a rainha como tutora dos filhos. Esta tutoria foi inicialmente partilhada entre a rainha e o infante D. Pedro mas, na sequência da realização das cortes de Lisboa de 1439, decide-se que a tutoria do rei fique a cargo dos infantes D. Henrique e D. Pedro. O infante D. Afonso foi tutelado de acordo com os princípios educacionais dos príncipes europeus da época. A sua educação intelectual tem por base obras como o "Livro de Montaria" e "Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela", a que se junta o habitual exercício físico, vocacionado para a aprendizagem desportiva nas belas-artes cortesãs e para o domínio das técnicas militares, beneficiando ainda da vasta cultura de D. Pedro, conhecido como o «Infante das sete Partidas do Mundo», pelas inúmeras viagens que realizou, que terá proporcionado ao jovem rei uma esmerada educação humanista. O seu casamento foi aprovado em maio de 1441 nas cortes de Torres Vedras, com a sua prima D. Isabel de Lencastre, filha do infante D. Pedro. Um ano depois em Óbidos realiza-se o compromisso matrimonial e, em maio de 1447 celebra-se o casamento. Deste casamento nascem três filhos, D. João em 1451 (morre pouco tempo depois), a infanta D. Joana em 1452, o príncipe D. João, herdeiro da Coroa, em 1455. Ficou viúvo em 1455 e, a 30 de maio de 1475 voltou a casar, desta vez com a sobrinha, D. Joana, filha de Henrique IV de Castela e da infanta D. Joana de Portugal. Em 1446 o rei atingiu a maioridade e nas cortes de Lisboa, assume o governo do Reino, ainda que apoiado pelo tio. Uma corrente da nobreza exorbita as suas posições políticas, encontrando respaldo na intriga de alguns elementos do clero, levando à destruição da relação entre D. Afonso e o tio que foi dispensado dos seus serviços em 1448. As relações ainda se agudizam mais em 1449, defrontando-se as duas fações na batalha de Alfarrobeira. Foi uma luta fratricida que marcou o termo de uma crise iniciada com a morte de D. Duarte. Nesta batalha, morreu o regente D. Pedro e saiu vencedora a fação afeta ao infante D. Afonso. A política externa de D. Afonso V assentou na expansão pelo Norte de África. Conquistou Alcácer Ceguer (1458), atacou Tânger (1460, 1462 e 1464), tomou Arzila (1471) e Larache. Juntou ao título de rei de Portugal e dos Algarves, o de «aquém e além-mar em África». Pouco tempo depois volta-se para a Península Ibérica na sequência da morte de Henrique IV de Castela, casado com D. Joana de Portugal sua irmã, reivindicou o direito de sucessão a favor da sobrinha, D. Joana, a Beltraneja, contra os futuros reis católicos Fernando e Isabel. D. Afonso V está viúvo e planeava casar com a sobrinha e, deste modo, unir os reinos de Portugal e Castela. Entre várias escaramuças menores dá-se a batalha de Toro em 1476, de resultado inconclusivo. Não podendo impor-se pelas armas, D. Afonso V tentou a via diplomática que também não surtiu efeito. Acabou por desistir das suas pretensões em 1479, quando assinou o Tratado de Alcáçovas, onde renunciou a quaisquer direitos à coroa de Castela, reconhecendo a legitimidade dos reis católicos. A expansão atlântica mantém-se sob a alçada do infante D. Henrique até 1460, ano da sua morte. De destacar a promoção do povoamento das ilhas dos Açores a partir de 1439; Nuno Tristão atinge em 1441 o Cabo Branco; em 1443 segue-se a baía de Arguim; e em 1444 chega à foz do Rio Senegal. Em 1456 são descobertas as ilhas do arquipélago de Cabo Verde; em 1460 atinge-se a Serra Leoa e as terras da Guiné; em 1469 o rei concedeu o comércio da Guiné a Fernão Gomes, com a condição de este descobrir todos os anos 100 léguas de costa, missão que o levaria até à costa da Mina; em 1471 são descobertas as ilhas de S. Tomé e Príncipe e de Ano Bom; em 1472 Álvaro Esteves passa o Equador; em 1474 João Vaz Corte Real chega à Terra Nova e o governo da costa da Guiné foi entregue ao príncipe D. João; efetuou doações de territórios em Marrocos e no Atlântico. Celebrou os tratados de Alcáçovas (1479) e de Toledo (1460), dividindo o Atlântico pelo paralelo das Canárias. Em termos de política interna, reuniu cortes dezassete vezes, descentraliza progressivamente o poder régio, sempre pressionado pela alta nobreza sequiosa de benesses abriu caminho para o engrandecimento de algumas casas senhorias e consequente enfraquecimento do património da casa real; compilaram-se as leis extravagantes num código legislativo uniforme, as Ordenações Afonsinas. Na educação e cultura, introduziu na Corte uma biblioteca e rodeou-se de homens ilustres como Mateus de Pisano, os cronistas Fernão Lopes e Gomes Eanes de Zurara, o pintor Nuno Gonçalves, o cardeal Alpedrinha e o legista Vasco Lucena. Na opinião do cronista Rui de Pina, D. Afonso V foi um rei culto que também escreveu sobre astrologia, matemática, alquimia, cavalaria, tendo ainda algumas incursões na música. D. Afonso V morreu em Lisboa a 28 de agosto de 1481. Está sepultado no mosteiro da Batalha.Lugares:Leiria TomarLisboaCoimbraCeutaTangerZamoraFunções, ocupações e actividades:Rei de PortugalMandatos/fontes de autoridade:É jurado herdeiro do trono (1433)Aclamado rei (1438-09-11)Identificador(es) da instituição:PT/AMLRegras e/ou convenções:ISAAR (CPF) - Norma Internacional de Registo de Autoridade Arquivística para Pessoas Coletivas, Pessoas Singulares e Famílias: adotada pelo Comité de Normas de Descrição, Camberra: Australia, 27-30 de outubro de 2003. Conselho Internacional de Arquivos.ODA - Orientações para a Descrição Arquivística: Grupo de Trabalho de Normalização da Descrição em Arquivo. Lisboa: Direção Geral de Arquivos, 2011.NP 405-1:1994 - Informação e Documentação. Referências bibliográficas: documentos impressos: Comissão Técnica 7. Lisboa: Instituto Português da Qualidade, 1994.Línguas e escritas:PortuguêsFontes:GOMES, Saul António - D. Afonso V. Mem Martins: Círculo de Leitores, 2006.História de Portugal: D. Afonso V. [Em linha]. Lisboa: EASANTOS, 2015. [Consultado em 2015-02-12]. Disponível em http://www.arqnet.pt/portal/portugal/temashistoria/afonso5.html MATOS, Artur Teodoro ; COSTA, João Paulo Oliveira e ; CARNEIRO, Roberto - Cronologia da monarquia portuguesa. [Lisboa]: Círculo de Leitores, 2012. ISBN 978-972-42-4823-3.SERRÃO, Joel, dir. - Dicionário de História de Portugal. Lisboa: Iniciativas Editoriais, 1963. Vol. I, pp. 42-44.