Plano de classificação

Tipo de entidade:Pessoa singularCastro, Joaquim Machado de. 1731-1822, escultorData(s):1731-06-19 - 1822-11-17História:Machado de Castro foi a figura mais importante da escultura portuguesa da segunda metade do século XVIII. Filho do organista e barrista Manuel Machado Teixeira e de sua primeira mulher, Teresa Angélica de Castro, Joaquim Machado de Castro nasceu em Coimbra em 19 de Junho de 1731. Foi nesta cidade que, com o seu pai, se iniciou na arte de moldar e começou a aprender gramática latina com os jesuítas. Mudou-se em 1746 para Lisboa, onde foi discípulo do santeiro Nicolau Pinto e, mais tarde, de José de Almeida, escultor barroco com formação romana protegido e sustentado por D. João V. Dez anos mais tarde, em 1756, deixou Lisboa e entrou para Mafra como ajudante do escultor italiano Alessandro Giusti, o que evidenciava já o seu elevado valor profissional. Em Mafra, onde permaneceu 14 anos, travou amizade com o poeta Cândido Lusitano, do qual recebeu lições de Retórica. Em 1770, Machado de Castro concorreu à estátua equestre de D. José I para a nova Praça do Comércio. Nesse ano saiu de Mafra e instalou-se em Lisboa, para, com alguns ajudantes, começar o que viria a ser a sua obra-prima. A festa de inauguração da estátua ocorreu entre 6 e 8 de Julho de 1775. Por esta obra, Machado de Castro foi agraciado com o grau de cavaleiro professo da Ordem de Cristo. O prestígio que resultou da execução da estátua equestre levou-o à participação na formação da Academia do Nu, em 1780. Promoveu a fundação e dirigiu a designada Escola de Lisboa, na Academia de S. José e na Casa Pia, onde se formaram, entre outros, João José Elveni, Leal Garcia, Faustino José Rodrigues, Francisco de Assis Rodrigues e Nicolau José Possolo. Em Agosto de 1782, foi nomeado escultor da Casa Real de D. Maria I, cargo que exerceu igualmente no reinado de D. João VI. São muitas as obras que lhe são atribuídas. Para além da estátua equestre, a estatuária da Basílica da Estrela (1777 a 1783) e a do Palácio da Ajuda, para a qual foi nomeado responsável por decreto de 1802, foram as principais obras que dirigiu. Ao mesmo tempo, dedicou-se a outros trabalhos, como túmulos, estátuas e presépios. Entre os túmulos, executou o de D. Maria Ana de Áustria, hoje desmantelado, o de D. Mariana Vitória na Igreja de S. Francisco de Paula, os de D. Afonso IV e sua mulher na Sé de Lisboa e o do arcebispo de Tessalónica na sacristia da Basílica da Estrela. Entre as estátuas que nos deixou, salientam-se os retratos reais de D. José, D. João VI, D. Maria I, a Fé pisando a Heresia para o Palácio da Inquisição, o Neptuno para fonte monumental no Chiado, actualmente no Largo Dona Estefânia, o busto do duque de Lafões para a Biblioteca da Academia das Ciências, as esculturas do Palácio de Oeiras, os santos do baldaquino de S. Vicente de Fora, as imagens para a Patriarcal, uma Nossa Senhora da Encarnação em madeira para a Igreja de Nossa Senhora da Encarnação em Lisboa. Relativamente aos presépios da sua autoria, destacam-se o da Sé, o do Convento do Sagrado Coração de Jesus, que integra o conjunto da Basílica da Estrela, e o de São Vicente de Fora. É autor da Descrição analítica da execução da estátua equestre do Senhor Rei Fidelíssimo D. José I, editada em 1810, de um Dicionário de Escultura, publicado apenas em 1937, e de outros escritos, tanto em verso como em prosa. Pelas suas obras e pelos seus variados conhecimentos, foi admitido, em 9 de Fevereiro de 1814, como sócio correspondente da Academia Real das Ciências, que pela primeira vez abria as portas a um artista. Faleceu em Lisboa em 17 de Novembro de 1822, com 91 anos de idade. Foi sepultado na Igreja dos Mártires.Funções, ocupações e actividades:EscultorIdentificador do registo de autoridade:00005Identificador(es) da instituição:PT/AMLSBLínguas e escritas:PortuguêsFontes:FERRÃO, Leonor - "Um oficial do Génio e a Nova Lisboa". Monumentos. Lisboa. N.º 21 (Set. 2004), p. 66-75.FRANÇA, José Augusto - "Joaquim Machado de Castro e a «Descripção analytica», seguido de notas à «Descripção analytica»". In CASTRO, Machado de - Descrição analítica da execução da estátua equestre do Senhor Rei Fidelíssimo D. José I. Ed. fac-similada. Lisboa : Academia Nacional de Belas Artes, 1975. p. 337-360.FRANÇA, José Augusto - Lisboa Pombalina e o Iluminismo. 2 ª ed. Lisboa : Bertrand, 1977.MORGADO, Casimiro Dias - "Castro (Joaquim Machado de)". In SANTANA, Francisco, dir. ; SUCENA, Eduardo, dir. - Dicionário da história de Lisboa. Lisboa : Carlos Quintas & Associados, 1994. p. 244-246.PAIS, Alexandre Nobre - "A escultura". Monumentos. Lisboa. N.º 16 (Mar. 2002), p. 38-45.PAIS, Alexandre Nobre - "Machado de Castro e o presépio do Convento do Sagrado Coração de Jesus". Monumentos. Lisboa. N.º 16 (Mar. 2002), p. 54-59.PEREIRA, José Fernandes - "Castro, Joaquim Machado de". In PEREIRA, José Fernandes, dir. ; PEREIRA, Paulo, coord - Dicionário de arte barroca. Lisboa : Presença, 1989. p. 111-114.PEREIRA, José Fernandes - "Escultura". In PEREIRA, José Fernandes, dir. ; PEREIRA, Paulo, coord - Dicionário de arte barroca. Lisboa : Presença, 1989. p. 165-171.SANTOS, Reynaldo dos - A escultura em Portugal. Lisboa : Academia Nacional de Belas Artes, 1948-1950.