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Tipo de entidade:
Pessoa singular
Novais, António. 1854-1940, fotógrafo
Outras formas do nome:
António Novaes
Data(s):
1854 (nascimento)
1902-1912 (foto-jornalista)
1940 (morte)
História:
António Novais, filho de Henrique Novais e Fábia Emília de Novais, nasce em 1855 e morre em 1940. É o mais velho de quatro irmãos: Alfredo Novais (1865-?) - o terceiro e menos conhecido - dedica-se à pintura e ao comércio; Eduardo Novais (1857?-1951) e Júlio Novais (1867-1925), dão também o seu contributo para a fotografia da época. Júlio foi o mais popular entre nós tendo dois dos seus filhos - Horácio e Mário Novais - prosseguido a atividade da família durante a segunda metade do século XX, legando à fotografia portuguesa um manancial de imagens de grande valor histórico e documental. António Novais viveu e trabalhou em Lisboa. Contemporâneo de Joshua Benoliel, destaca-se como fotógrafo da família real executando primorosos retratos para o rei Dom Carlos e recebendo o título de "Fotógrafo da Casa Real Portuguesa". Fotografa os principais acontecimentos político-sociais e figuras da época, entre os quais se destacam: em 1903, o rei Dom Carlos e o príncipe Dom Manuel; em 1904 acompanha a visita da rainha Alexandra de Inglaterra a Portugal, bem como a do rei Dom Afonso XIII de Espanha. Colabora das revistas "Ilustração Portuguesa", "Ocidente", "Serões", "Brasil-Portugal", "Semana Ilustrada", Tiro & Sport; e nos jornais "A Época" e "Nação". A partir de 1913 não encontramos qualquer referência ao fotógrafo. Subsistem algumas dúvidas, quer quanto à data de início de atividade, quer quanto ao percurso profissional de António Novais. Sabemos que quando casou com Maria Rufina do Carmo, a 5 de outubro de 1874, já exercia a profissão de fotógrafo; tinha 19 anos e morava na rua do Arco do Marquês de Alegrete, nº 92, freguesia do Socorro, Lisboa. A 14 de agosto de 1879, na rua Nova da Palma, nº 69, nasce a filha, Alice Novais. No ano seguinte, a 9 de janeiro, Alice Novais foi batizada na Igreja Paroquial de Nossa Senhora do Socorro e, segundo consta do assento de nascimento, o pai era retratista de profissão. Se atendermos aos dados contidos no Livro de Recenseamento Eleitoral do ano de 1882, António Novais aparece novamente registado como fotógrafo, morador na rua dos Canos, nº 58, freguesia do Socorro, casado e "elegível para cargos distritais, municipais e paroquiais". No Anuário Comercial de 1896, mantém-se a mesma atividade mas já com estúdio sediado na rua do Arco da Graça, nº 30. Note-se que nos anos subsequentes não aparece mais nenhuma referência a este estúdio como sendo de António Novais. Com a mesma morada surge-nos, tanto em 1896 como em 1897, outra casa fotográfica - "A Photographia Contemporânea" - também publicitada nos Anuários. Outro dado importante para a compreensão do percurso do fotógrafo é a provável proximidade entre António Novais e o pintor José Malhoa (1855-1935). Da vasta obra de Malhoa surge o retrato do fotógrafo Novais, pintado em 1901. O jornal "A Época", de 15 de maio de 1902, noticiava uma exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes com obras de pintores portugueses, na qual se destacava o retrato do fotógrafo Novais, considerado pelo redator a melhor peça da exposição. Este quadro foi oferecido pelo fotógrafo ao Museu de Arte Contemporânea de Lisboa (atual Museu do Chiado). Em 1904, o fotógrafo trabalha na calçada do Duque, nº 25, tal como se pode verificar pelo carimbo de uma das suas fotografias. Nesta morada, também trabalharam os seus irmãos Eduardo e Júlio Novais. Sobre Eduardo Novais a referência mais antiga que encontramos como fotógrafo data de 1885, no Livro de Recenseamento Eleitoral. Entre 1886 e 1890, os anúncios do Almanaque Comercial de Lisboa referem um estúdio de "Júlio & Novaes", na calçada do Duque, nºs 19-25 ("Antiga Fotografia Bastos", até 1885). Entre 1893 e 1899, Eduardo Novais aparece sózinho e mantém a mesma morada. Quanto a Júlio Novais, o mais novo dos irmãos, sabe-se que começou a trabalhar na "Photographia Bastos", em 1879, apenas com 12 anos de idade. Nesta data já António Novais trabalhava, pelo menos há cinco anos, o que nos leva a pensar que Júlio poderá ter aprendido com os irmãos. Júlio Novais esteve nesta morada durante 18 anos. Em 1897 abandonou a gerência desta casa fotográfica e inaugurou um novo estúdio - "A Photographia Novaes", na rua Ivens, nº 28.
Lugares:
Lisboa
Funções, ocupações e actividades:
Fotógrafo
Contexto geral:
Em finais do século XIX, Portugal era um país pobre e pouco letrado quando comparado a outros países da Europa. Verifica-se, no entanto, um certo crescimento, confirmado pelos índices de produção agrícola e industrial. Quando Dom Carlos sobe ao trono, em 1889, recebe um país com um número crescente de fábricas e bancos, alunos e caminhos de ferro, terras cultivadas e habitantes. O Ultimato Inglês de 11 de janeiro de 1890, a par da crise financeira mundial que se fazia sentir, teve repercussões negativas em Portugal contribuindo para um crescente descontentamento face à monarquia e ao rotativismo partidário instalado após a Regeneração. Desde o início do reinado de Dom Carlos, o ideário republicano foi ganhando dividendos políticos e criando expectativas na sociedade em geral. O rei português, através de uma consciente ação diplomática, contribui para o restabelecimento e reforço das relações com outros países. É neste contexto que se compreendem as várias visitas feitas por chefes de Estado a Portugal. No início do século XX, e desde finais do século XIX, a alta sociedade revê-se em restritos hábitos e costumes que cada vez mais importa dos chamados "países civilizados" da Europa. As noites de ópera no teatro São Carlos, a abertura das Cortes, as récitas de gala naquele teatro, deslumbram a sociedade lisboeta pelas "toilettes", uniformes e jóias. Os bailes, as "garden-party", os "rally-paper" bem como os elegantes clubes da época eram também palco das modas mais recentes e divertiam os intervenientes. O rei Dom Carlos, amante da prática desportiva, dedica-se ao hipismo, esgrima, natação, ciclismo, ténis e automobilismo. Mas é como atirador e caçador que mais se distingue. A tourada reunia um grande número de adeptos em todas os classes sociais. Já a praia e o campo eram os locais de eleição para os grupos sociais mais abastados. A família real depois de uma estadia em Sintra, mudava-se para Cascais, levando para junto do mar os valores vivenciais que, desde 1840, se haviam implantado em Sintra.
Entrada de autoridade relacionada:
Nome:
Câmara, José Rodrigo da. Fl. 1716-1720, presidente do Senado da Câmara
Identificador(es) da instituição:
PT/AMLSB
Regras e/ou convenções:
ISAAR (CPF) - Norma Internacional de Registo de Autoridade Arquivística para Pessoas Coletivas, Pessoas Singulares e Famílias: adotada pelo Comité de Normas de Descrição, Camberra: Australia, 27-30 de outubro de 2003. Conselho Internacional de Arquivos.
ODA - Orientações para a Descrição Arquivística: Grupo de Trabalho de Normalização da Descrição em Arquivo. Lisboa: Direção Geral de Arquivos, 2011.
NP 405-1:1994 - Informação e Documentação. Referências bibliográficas: documentos impressos: Comissão Técnica 7. Lisboa: Instituto Português da Qualidade, 1994.
Línguas e escritas:
Português
Fontes:
LISBOA. Câmara Municipal. Arquivo Fotográfico - António Novaes: 1903-1911. Lisboa: Arquivo Municipal, 1996.
BARRETO, António - "Família Real" in: Grande Reportagem. Lisboa, nº 61, 1996, pp. 80 - 91.
BORGES, José Pedro de Aboim - Joshua Benoliel: o rei dos fotógrafos. Dissertação final de mestrado em História de Arte apresentada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, 1984. Versão policopiada.
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Os Fotógrafos da Casa Real. Lisboa: Arquivo Nacional de Fotografia e Palácio Nacional da Ajuda, 1984.
FERREIRA, Rafael Laborde; VIEIRA, Victor Manuel Lopes - Estatuária de Lisboa. Lisboa: Amigos do Livro, 1985.
GAMA, Luís Filipe Marques da - El-Rei D. Carlos: memória viva. Lisboa: Inapa, 1991.
Guia de Portugal, Lisboa e arredores. 3ª ed. Coimbra: Fundação Calouste Gulbenkian, 1991. Vol. I.
LOPES, António - "História da Fotografia em Portugal" , in Foto. Lisboa, nº 1, 1995, pp. 83-86.
MADEIRA, José Luís - Rever Lisboa. Lisboa: Fundação Oriente, 1992.
MATOSO, José, dir.- História de Portugal. Lisboa: Estampa, 1994. Vol. VI.
MONTÊS, António Malhoa - Museu Provincial de José Malhoa, 1950.
PAMPLONA, Fernando de - Dicionário de pintores e escultores portugueses ou que trabalharam em Portugal. 2ª ed. actualizada. Lisboa: Civilização, 19--. Vol. IV, pp. 37-42.
PAVÃO, Luís - The photographers of Lisbon, Portugal from 1886-1914. Rochester: Rochester Film & Photo Consortium, 1990. (Ocasional papers, nº 5.
PEREIRA, Esteves ; RODRIGUES, Guilherme - Portugal, dicionário histórico, chorográfico, heráldico, biográphico, bibliográphico, numismático e artístico. Lisboa: João Romano Torres. 1915. 7 vols.
REILLY, James M. - Care and identification of the 19th: Century Photographic Prints. Rochester, Eastmen Kodak Company, 1986.
SENA, António - Uma história da fotografia: Portugal 1839-1991. Lisboa: Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1991.
SERRÃO, Joel (dir.) - Dicionário de História de Portugal. Porto: Figueirinhas, 1990.
Visitas reais entre cortes portuguesa e britânica 1902-1910. Lisboa: Palácio Nacional da Ajuda, 1985.
A vida da República Portuguesa: objectos do quotidiano. Lisboa: Editorial Império, 1991.
Lisboa. Câmara Municipal. Arquivo Fotográfico - Provas Originais 1858-1910. Lisboa: Câmara Municipal, D.L. 1993.
Registos adjacentes
- Manchot, Melanie.1966-, fotógrafa
- Aboim, Luís Filipe de. 1900-1963, funcionário público
- Marques Júnior, António. Fl. 1959-1963
- Ribeiro, Albano. 1906-[19-?], fotógrafo
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