Plano de classificação

Tipo de entidade:Pessoa colectivaSociedade Nacional de Tipografia. 1880-1979Outras formas do nome:Jornal O SéculoData(s):1880-1979 (criação e extinção)1881 (campanha contra o Tratado de Lourenço Marques)1920 (crise no jornal, devido a campanhas contra a Companhia Portugal e Colónias)1922 (controlo da Sociedade, pela Companhia Portugal e Colónias)1924 (administração de João Pereira da Rosa)1926 (saída do diretor Trindade Coelho)1927 (retomada a Colónia Balnear, em São Pedro do Estoril)1940 (participação na Exposição do Mundo Português)1943 (promoção da Feira Popular, parque de Palhavã)1948 (afastamento da organização da Feira Popular)1951 (retomada a organização da Feira Popular)1956 (Feira Popular sai de Palhavã)1957 (promoção dos Salões de Artes Domésticas)1958 (promoção da Feira de Alvalade com a colaboração do Sporting Club de Portugal)1960 (regresso da Feira Popular, no antigo Mercado Geral do Gado, Entrecampos)1972 (grupo económico de Jorge Brito fica com posição da sociedade)1975 (lutas internas ideológicas e partidárias)1975 (Conselho de Ministros nomeia nova administração)1976-07-29 (Decreto-lei nº 639/76 sobre a nacionalização das posições privadas das empresas)1979-12-29 (Decreto-lei nº 162/79 extingue a sociedade)História:O jornal O Século foi fundado no final de 1880, após as comemorações do tricentenário da morte de Luís de Camões. Nos primeiros anos, o jornal empenhou-se sobretudo na afirmação do projeto republicano. O seu primeiro diretor foi Sebastião Magalhães de Lima (1850-1928), jornalista e advogado, que funda o jornal com Anselmo Xavier (1850-1915), advogado, com António Pinto Leão de Oliveira (1846-1898), médico, com João de Almeida Pinto, jornalista, e José Trigueiros de Martel (1852-1888), grande proprietário e jornalista. O jornal teve, desde o início, um enorme sucesso, que se atribui à colaboração de um conjunto de jornalistas e intelectuais de reconhecida craveira, com a produção de artigos propagandísticos pró-republicanos e campanhas demolidoras, como por exemplo a exploração negativa dos trâmites políticos que envolveram o Tratado de Lourenço Marques, o qual permitiu o desembarque de tropas inglesas no seu porto e o respetivo patrulhamento pelos navios britânicos. Durante a transição do século, ocorreram algumas mudanças de gestão no periódico, já com um novo proprietário, José Joaquim da Silva Graça (1858-1931), que entrara em divergências com o consórcio, tornando-se cumulativamente diretor, administrador e sócio maioritário. Com isto, foi incutida no jornal O Século uma nova estratégia editorial, direcionada para públicos mais vastos mantendo, ainda assim, a sua vocação política republicana. Por outro lado, introduziu novos processos organizativos, designadamente através da criação de uma rede de jornalistas correspondentes, para conjugar abrangência territorial com rapidez noticiosa. Silva Graça transformou o jornal, em poucos anos, numa força economicamente expressiva, mostrando esse vigor na realização de novos investimentos e, consequentemente, no aparecimento de suplementos humorísticos, de modas e bordados, para além da extensão ao Brasil e às colónias africanas e orientais. Nesta altura, destacaram-se as publicações adjacentes, entre as quais, o Almanaque d' O Século, o Século Cómico, a lllustração portugueza, Os Sports e o Século Agrícola. Assim, O Século conseguiu definir um certo paradigma identitário no plano social e político, cultural, com destaque para uma nova forma de trabalhar a informação, centrada na preocupação com as caraterísticas da sociedade, nomeadamente na defesa dos direitos dos cidadãos. Sem perder a noção da linha política que o fez emergir, o jornal apoiou sem reservas a materialização da República, transformando este periódico num órgão de informação de referência. Tornou-se «o jornal de maior circulação em Portugal», podia ler-se no seu cabeçalho. Em 1920, instalou-se uma crise na empresa, por dois motivos. Em primeiro lugar, por força das repercussões da contenda contra a Companhia Industrial de Portugal e Colónias (CIPC), denunciando os abusos monopolistas na questão do pão. Em segundo lugar, pelas divergências entre Silva Graça e o filho, no que respeitava à orientação editorial do jornal. Face ao contexto descrito, e tirando partido desta dupla crise, a CIPC aproveitou e lançou uma ofensiva económico-financeira para controlar o periódico, operação forjada de sucesso, em 1922. O Século ficou, assim, na posse da companhia, até aos finais de 1924, vindo a ser gerido por vários diretores, entre os quais Francisco da Cunha Leal (1888-1970). A variação da sua propriedade vai-se alterando ao ritmo das mudanças políticas ocorridas a nível nacional. Das lutas desencadeadas contra a instabilidade do regime republicano, destacou-se a que foi motivada pela confederação patronal União dos Interesses Económicos (UIE), um espaço de oposição ao regime, que teve como ação emblemática a conspiração a favor de uma intervenção militar, que pusesse termo aos governos efémeros da I República. Nesta altura, mais concretamente a partir de novembro, de 1924, a tarefa primordial do jornal consistia na preparação da opinião pública, para a eclosão de um golpe de estado destinado a impor uma ditadura militar. João Pereira da Rosa (1885-1962), ex-funcionário d'O Século, desde 1920, Carlos Oliveira fundador da organização patronal e Mosés Amzalak, presidente da Associação Comercial de Lisboa e da Comunidade Judaica, adquiriram o jornal para a UIE, ficando na direção o jornalista e diplomata, Henrique Trindade Coelho (1885-1934), e a administração na pessoa de João Pereira da Rosa. Mas devido ao apoio declarado do jornal ao contexto de intervenção militar, e às críticas e ofensas ferozes de que foi alvo, o diretor demitiu-se na sequência do triunfo das forças revoltosas do 28 de maio, de 1926. Quem o substitui foi o administrador-delegado em junho, de 1926. Nos primeiros meses, com um novo diretor, e de acordo com o conselho de administração, a 10 de novembro, de 1926, a Sociedade Nacional de Tipografia (SNT) proclamou a sua independência face à UIE. Mediante esta posição, a SNT anunciou a propriedade exclusiva do jornal, com fundamento nas responsabilidades assumidas durante o processo de aquisição. Várias associações sentiram-se lesadas, caso da Associação Industrial Portuguesa, que sustentava a sua queixa pelo facto de a aquisição legítima do jornal ter ocorrido para a UIE e não para os três em conjunto. Esta polémica permaneceu inflamada até 1928, tendo sido seguida entusiasticamente pela opinião pública, designadamente através da realização de debates na Associação Comercial de Lisboa, entre dezembro, de 1926, e janeiro, de 1927. Ultrapassada a polémica, a SNT, sob a condução de João Pereira da Rosa, emprestando à organização fulgor e dinamismo empresarial, alargou a rede de correspondentes, melhorou a distribuição e o grafismo do jornal. Verificou-se ainda a abertura de novas sucursais e a renovação das existentes. Foi neste período que o jornal produziu novas publicações como, por exemplo, O Cinéfilo, O Século Ilustrado e A Vida Mundial, assim como publicações dirigidas ao público infantil, destacando-se neste campo o Pim-Pam-Pum e a revista Joaninha. Porém, foi devido ao investimento em iniciativas de diversão, solidariedade social, de carácter cultural, desportivo e patriótico, que o jornal reforçou a sua popularidade em todo o país, destacando-se a criação de uma colónia balnear infantil, em São Pedro do Estoril, iniciada em 1908, retornada em 1927, uma obra vocacionada para a causa da proteção da infância mais carenciada. Entre 1934 e 1938, João Pereira da Rosa conseguiu comprar as ações de Carlos Oliveira e Mosés Amzalak, tornando-se no acionista maioritário. Tal operação permitiu que ambos os filhos - Guilherme e Carlos Alberto Pereira da Rosa - permaneçam na administração, num contexto político cada vez mais rígido e desfavorável, para que o jornal pudesse manter a sua principal identidade, isto é, o livre debate de ideias. Intensificou, por isso, a sua vertente de diversão e de promoção de iniciativas, tais como a participação, em 1940, na realização da Exposição do Mundo Português e, em 1943, com a instalação da Feira Popular, no Parque de Palhavã. Com o fim da segunda guerra mundial, em 1945, o jornal começou a denotar alguma ambiguidade face à continuidade do regime do Estado Novo, levando ao afastamento da organização da Feira Popular, durante dois anos. Em 1951, retomou a organização anterior, que mantém até 1956. Foi neste período que se deu a primeira emissão televisiva, ainda em Palhavã. Com o fim da Feira Popular, e com uma necessidade premente de realizar receitas para manter sobretudo a colónia balnear infantil, esperou manter igualmente a capacidade de realizar novas iniciativas, que sucedem com os Salões de Artes Domésticas, a Feira de Alvalade e concursos com a colaboração da Radiotelevisão Portuguesa. Regressam, em 1960, à organização da Feira Popular, agora colocada no Mercado Geral do Gado, em Entrecampos, único local que a Câmara Municipal de Lisboa se dispôs a licenciar por valores suportáveis. Em 1962, após a morte de João Pereira da Rosa, sucedeu-lhe na administração Guilherme Pereira da Rosa, que era o diretor adjunto. Consciente das dificuldades financeiras e a laborar no âmbito de um contexto político desfavorável, socorreu-se de todos os meios disponíveis para responder aos problemas, cuja base se constituiu por diversas alterações na, cada vez mais limitada, liberdade de imprensa, numa nova concorrência despoletada pela televisão, pelas pressões dos maiores grupos económicos e no crescente endividamento à banca, devido à necessidade de investimentos para inovação e modernização. Os anos setenta, do século XX, foram ainda mais negativos, sem que nenhuma medida consiga alterar o rumo do jornal. Sem qualquer apoio do governo, a administração alinha-se com as forças opositoras ao regime. Em 1972, Guilherme da Rosa acabou por vender a sua parte ao grupo económico de Jorge Brito. Numa conjuntura complexa, foi nomeada uma nova equipa para gerir a empresa. Desta vez, coube a Manuel Figueira, exercer o cargo de chefe adjunto da redação, um dos últimos diretores do jornal que, após a mudança de regime - 25 de Abril de 1974 -, assegurou a sua direção por alguns meses. No entanto, devido ao período conturbado que se viveu no início de 1975, o jornal também se viu envolvido na mesma luta partidária e ideológica que se observava nas ruas, o que veio a resultar na demissão dos administradores e do próprio Manuel Figueira. Como consequência, o Conselho de Ministros de 14 de fevereiro de 1975, nomeou uma nova administração para a SNT, alterando a linha editorial do jornal. Com esta intervenção, o Estado tomou a atitude de pôr fim à natureza privada da empresa, perdendo esta naturalmente a sua independência, agravando-se a sua conjuntura económica e o acentuado decréscimo de vendas. Tudo isto fez com que, no final de 1975, o governo comece a dar sinais de querer travar esta situação deficitária, com um projeto de lei sobre a imprensa do Estado, batizado com o nome de Almeida Santos, então Ministro da Comunicação Social. Este decreto foi promulgado em 29 de julho de 1976 (Decreto-lei n.º 639/76). Por força deste novo enquadramento jurídico, o executivo criou a Empresa Pública dos Jornais Século e Popular, nacionalizando as Sociedades Nacional de Tipografia, Industrial de Imprensa e Gráfica de A Capital e a Empresa Nacional de Publicidade, aprovando também os Estatutos das Empresas Públicas dos Jornais Notícias e a Capital e dos Jornais O Século e Popular. A intenção primordial do governo, consistia no combate aos problemas financeiros de ambas as sociedades. Todavia, a situação insustentável em que se encontrava a SNT, levou à sua extinção irreversível, no final de 1979. Lugares:LisboaSão Pedro do EstorilPalhavãEntrecamposEstatuto legal:PrivadoFunções, ocupações e actividades:Jornalismo, InformaçãoIdentificador(es) da instituição:PT/AMLSBRegras e/ou convenções:ISAAR (CPF) - Norma Internacional de Registo de Autoridade Arquivística para Pessoas Coletivas, Pessoas Singulares e Famílias: adotada pelo Comité de Normas de Descrição, Camberra: Australia, 27-30 de outubro de 2003. Conselho Internacional de Arquivos.ISAD (G) - Norma Geral Internacional de Descrição Arquivística: adotada pelo Comité de Normas de Descrição, Estocolmo: Suécia, 19-22 de setembro de 1999. Conselho Internacional de Arquivos.NP 405-1:1994 - Informação e Documentação. Referências bibliográficas: documentos impressos: Comissão Técnica 7. Lisboa: Instituto Português da Qualidade, 1994.Línguas e escritas:PortuguêsFontes:AATT - Sociedade Nacional de Tipografia - Jornal O Século. [Em linha]. [Consultado em 2016-11-17]. Disponível em http://www.aatt.org/site/index.php?opCinemateca - Grande Feira Popular. [Em linha]. [Consultado em 2016-11-17]. Disponível em http://www.cinemateca.pt/Cinemateca-Digital/Ficha.aspx?obraidResolução 90/79, de 3 de abril. [Em linha]. [Consultado em 2016-11-18]. Disponível em https://dre.tretas.org/dre/209970/#text