Plano de classificação

Tipo de entidade:Pessoa singularSousa, Ernesto de. 1921-1988, fotógrafoOutras formas do nome:José Ernesto de SousaData(s):1921-04-18 (nascimento)1940-1947 (frequência do curso de Ciências Físico-Químicas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa)[déc. 1940] (início da produção fotográfica)1946 (organização da exposição coletiva de Arte Moderna e Arte Africana, integrada na Semana de Arte Negra da Escola Superior Colonial em Lisboa, com a colaboração de Diogo de Macedo)1946 (fundação do cineclube Círculo de Cinema)1948 (encerramento do cineclube Círculo de Cinema pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), com a prisão de Ernesto de Sousa e dos restantes membros)1948 (inicio da atividade cinematográfica, com a realização de documentários e curtas-metragens publicitárias)1949-1952 (frequência de estudos de história do cinema, filmologia e técnicas de som, em Paris)1949 (publicação de reportagens sobre cinema nos periódicos Shell News, Diário de Lisboa, Jornal-Magazine da Mulher e Imagem)1952 (assistente de realização estagiário no filme “La Minute Vérité” de Jean Delannoy)1953 (colaborador e chefe de redação da revista Plano Focal)1954 (realização do filme “O Natal na Arte Portuguesa”, com Baptista Rosa, editor e director. Galardoado com o prémio Aurélio Paz dos Reis)1954-1961 (redator-principal da revista Imagem)1956 (publicação da obra “O Argumento Cinematográfico”)1957 (publicação da obra “A Realização Cinematográfica”)1957 (prisão pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), no regresso da sua viagem a Moscovo para assistir ao Festival da Juventude)1959-1960 (colaborador da Seara Nova, com artigos sobre arte e exposições)1959 (constituição da Cooperativa do Espectador, com vista à produção do filme “Dom Roberto”)1960 (publicação da obra “O que é o cinema”, pela editora Arcádia)1960 (publicação da obra “Júlio Pomar”)1961 (publicação da obra “Lima de Freitas”)1961 (organização da “Exposição de Arte Africana”, no âmbito da Semana de Arte e Folclore Africano, no Clube Universitário de Jazz, em Lisboa)1962 (estreia do filme “Dom Roberto”, a sua única longa metragem, galardoado no festival de Cannes com os prémios Jovem Crítica e da Associação do Cinema para a Juventude em 1963)1962-1963 (publicação da crónicas “Cartas do Meu Magrebe”, no Jornal de Notícias, resultantes da sua viagem a Marrocos e Argélia em 1962)1963 (prisão pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), após a publicação da entrevista sobre o filme “Dom Roberto” no Témoignage Chrétien)1964 (organização da exposição "Quatro Artistas Populares do Norte: Barristas e Imaginários", na Livraria Divulgação, em Lisboa, com Rosa Ramalho, Franklin Vilas-Boas Neto, Quintino Vilas-Boas Neto e Mistério)1965 (orientação do Curso de Cinema Experimental no Cineclube do Porto, no qual colabora também como professor)1965 (encenação da peça “Desperta e Canta”, de Clifford Odets, no Teatro Experimental do Porto)1965 (publicação da obra “A Pintura Portuguesa Neo-Realista”)1965 (publicação do álbum “Para o Estudo da Escultura Portuguesa” pela editora ECMA)1966 (encenação da peça “O Gebo e a Sombra”, de Raul Brandão, no Teatro Experimental do Porto)1966-1968 (bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian para estudar a história, arqueologia e antropologia cultural de toda a escultura portuguesa de expressão popular pré-histórica, românica e barroca rural)1967-1970 (lecionou as disciplinas de Técnicas da Comunicação e Estética do Teatro e do Cinema, no Curso de Formação Artística da Sociedade Nacional de Belas-Artes)1968 (realização dos filmes em super 8, com o seu aluno Carlos Gentil-Homem, “Havia Um Homem que Corria” e “Happy People”)1968 (criação da Oficina Experimental com alunos do Curso de Formação Artística da Sociedade Nacional de Belas-Artes)1969 (exercício teatral “Nós Não Estamos Algures”)1969 (colaboração com Noronha da Costa e com a Oficina Experimental na organização do Encontro do Guincho)1969 (realização da curta-metragem em 16 mm “Crianças Autistas”)1969-1972 (realização do filme “Almada, Um Nome de Guerra”, no atelier de Almada Negreiros e na Fundação Calouste Gulbenkian)1969 (participação nos Undici Giorni di Arte Collettiva, em Pejo, Itália, com a jornalista Maria Antónia Palla)1969 (publicação de artigos no semanário Vida Mundial)1969 (apresentação do exercício de comunicação poética “Nós Não Estamos Algures”, no Teatro 1º Acto em Algés)1970 (sócio da Associação Internacional de Críticos de Arte/Secção Portuguesa)1972 (curadoria da exposição "Do Vazio à Pro Vocação" para a Expo AICA 72, na Sociedade Nacional de Belas Artes)1972 (publicação de entrevista a Joseph Beuys, no jornal A República)1972-1988 (início do ciclo de ações, performances e exposições “O teu Corpo é o Meu Corpo”)1973 (apresentação da anti-conferência "Da Vanguarda artística em Portugal e do mercado comum; com uma receita que contribuirá para a resolução de alguns problemas que afligem a nossa pátria (em 1972)", na Galeria Dinastia em Lisboa)1973 (participação no congresso da AICA na Jugoslávia)1973-1974 (publicação de artigos na revista Lorenti's)1973-1979 (publicação de artigos na revista Colóquio-Artes) 1974 (organização do evento coletivo “1.000.011º Aniversário da Arte” no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra)1974 (curadoria da exposição "Projectos-Ideias" para a Expo AICA 74, na SNBA)1974 (publicação de artigos no semanário Vida Mundial e no Século Ilustrado)1975 (apresentação do mixed-media “Luiz Vaz 73”, no Festival Internacional de Mixed Media em Gante, com Jorge Peixinho)1975 (direção do Clube-Encontro Opinião)1975 (encenação da peça “Jeronimus Bosch: Um Mistério que Deixou de o Ser”, no Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa)1975 (participação no congresso da AICA na Polónia)1976 (apresentação de um ciclo de vídeo no Goethe Institut, em Lisboa e no Porto)1976 (apresentação do o filme “Revolution My Body n.º 2”, na Galeria LDK Labirynt em Lublin, na Polónia, com Fernando Calhau e Julião Sarmento)1977 (curadoria da exposição "Alternativa Zero", na Galeria Nacional de Arte Moderna, em Lisboa)1977 (orientação do curso "Conhecimento da Arte Actual" na Galeria Quadrum, em Lisboa)1977 (participação na exposição colectiva "O Papel como Suporte", na SNBA, com a obra “Isto É Pintura sobre Papel”)1978 (participação na 1ª Semana de Arte Contemporânea de Malpartida (SACOM 1) com a sua primeira exposição individual “Tu Cuerpo Es Mi Cuerpo / Mi Cuerpo Es Tu Cuerpo”)1978 (colaboração no “Project 1978” de Robert Besson)1978 (organização e participação na exposição "Onze Artistas Portugueses em Milão", no espaço Laboratorio)1978 (colaboração na programação da Galeria Quadrum, com Dulce D'Agro)1978 (participação no ciclo de exposições "Un Espace Parlé", promovido pela Galeria Gaëtan, em Genebra)1978 (primeira exposição individual em Portugal, "A Tradição como Aventura", na Galeria Quadrum em Lisboa)1978 (colaborador na publicação coletiva “I am”, Galeria Ramont)1978 (colaboração na publicação “Views” de Robin Crozier)1978 (publicação de artigos na revista Opção e na rubrica "Imaginar Portugal" na revista Abril)1978-1980 (direção da Galeria Diferença)1979 (participação na 2ª Semana de Arte Contemporâna de Malpartida (SACOM 2) com a obra performativa “Identificación Con Tu Cuerpo”)1979 (organização da retrospetiva de Wolf Vostell na Fundação Calouste Gulbenkian e na Galeria Nacional de Arte Moderna, em Lisboa; e no Museu Soares dos Reis, no Porto)1979 (apresentação da instalação “Olympia” no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra)1979 (membro do Internationales Kunstler Gremium (IKG), sob proposta de Robert Filliou e Georg Jappe)1980 (apresentação da instalação “Olympia” na Galeria Diferença, em Lisboa)1980 (apresentação da vídeo-escultura e performance “The Promised Land: Requiem para Vilarinho das Furnas” na exposição "Arte Portuguesa Hoje", na SNBA, em Lisboa)1980 (colaboração na exposição do “Project 1978” de Robert Besson)1980 (exposição individual na galeria Ars Viva, em Berlim, por mediação de Wolf Vostell)1980 (participação na redação do "Manifesto do Lavadero", na 3ª Semana de Arte Contemporânea de Malpartida (SACOM 3), com Fernando Pernes, João Vieira e Wolf Vostell, entre outros artistas e críticos)1980 (comissariado da representação portuguesa na Bienal de Veneza, para a qual concebe e participa na exposição coletiva com o tema "A Palavra e a Letra")1981 (apresentação da vídeo-escultura e performance “The Promised Land: Requiem para Vilarinho das Furnas” no 3ème Symposium d'Art Performance de Lyon, organizado por Orlan e Hubert Besacier)1981 (apresentação de “Pre Texto 1: Numero Deus Pari Gaudet”, no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra)1981 (participação na exposição coletiva "Portuguese Video Art", organizada por José Manuel Vasconcelos, na Gallery of New Concepts na Universidade de Iowa, com o vídeo “To a Poet I e II”)1981 (participação na exposição "25 Artistas Portugueses Hoje", comissariada pela artista Irene Buarque, no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, com a instalação “A Tradição Como Aventura”, um texto no catálogo e uma conferência)1982 (apresentação da instalação “Pre Texto 2: After Painterly Abstraction” na Galeria Diferença, em Lisboa, e no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra)1982 (comissariado da representação portuguesa na Bienal de Veneza, selecionando Helena Almeida)1982 (publicação de “Maternidade” pela Imprensa Nacional - Casa da Moeda, um livro com 26 desenhos inéditos de Almada Negreiros preparado com Sarah Affonso em 1971)1983 (colaboração na publicação “W.A.A.: World Art Atlas”, de Guy Bleus)1983 (participação nos debates "Depois do Modernismo", na Escola Superior de Belas-Artes em Lisboa)1983 (apresentação de “Ultimatum” na Experimental Intermedia Foundation, em Nova Iorque)1983 (apresentação de “Almada Um Nome de Guerra” na Fundação Juan March, em Madrid. Lançamento do livro “Re começar: Almada” em Madrid, preparado entre 1970 e 1972)1983 (inicio de funções na comissão consultiva do Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian)1984 (apresentação de “Almada Um Nome de Guerra” na Fundação Juan Miró, em Barcelona, e no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa)1984 (participação na exposição coletiva "Atitudes Litorais", comissariada por José Miranda Justo, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)1984 (comissariado da representação portuguesa na Bienal de Veneza, selecionando José Barrias)1984 (apresentação da instalação “Profanação”, na cooperativa Árvore no Porto)1985 (participação na exposição coletiva "10 Quadros para o Ano 2000", organizada por Leonel Moura na Casa Varela)1986 (apresentação da exposição "Antes Desse Ouro" (graffitis) na Galeria Diferença, em Lisboa)1986 (apresentação da exposição "Esse Ouro Dantes" (série Alquimigramas) na Galeria Quadrum, em Lisboa)1987 (apresentação da retrospetiva de Ernesto de Sousa, "Itinerários", promovida pela Secretaria de Estado da Cultura, em Lisboa, na Galeria Almada Negreiros e no Museu Nacional de Arte Antiga, comissariadas por José Luís Porfírio, na Galeria Diferença, comissariada por Leonel Moura, e no Porto, na Casa de Serralves, comissariada por Fernando Pernes)1987 (edição do catálogo da exposição “Itinerários”, com Maria Estela Guedes e Fernando Camecelha)1987 (elaboração do projeto de inquérito, não concluído, “I am Innocent”)1988 (elaboração do projeto “Aldeia Global”)1988-10-06 (morte)História:José Ernesto de Sousa nasceu em Lisboa a 18 de abril de 1921. Entre 1940 e 1947, frequentou o curso de Ciências Físico-Químicas, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, que não chegou a concluir. Durante esse período, e em paralelo com o curso, iniciou a sua produção fotográfica que, aliás, esteve presente em todo o percurso da sua vida e da sua atividade multidisciplinar. Numa primeira fase, executou, predominantemente, levantamentos etnográficos, registos de arte popular e de escultura, bem como retratos em contexto urbano. Ainda na década de 1940, organizou uma exposição de arte moderna e arte africana (1946), onde integrou obras originais de artistas do modernismo português, entre os quais, Amadeo de Souza-Cardoso e Almada Negreiros. Este último foi, para ele, uma referência importante e a figura central nas suas propostas para uma nova vanguarda portuguesa. Colaborou em diversas publicações, como crítico de arte, tais como, Seara Nova, Mundo Literário, Portucale, Vértice e tornou-se defensor acérrimo do movimento neorrealista. Fundou o Círculo de Cinema, um dos primeiros cineclubes portugueses. De facto, a divulgação do cineclubismo, acerca do qual escreveu em múltiplas e variadas publicações, fizeram dele um dos mais notáveis cineclubistas nacionais. No final desta década, iniciou a sua atividade cinematográfica, que o levou a fixar-se algum tempo em Paris (1949-1952), onde frequentou estudos de história do cinema, filmologia e técnicas de som. Escreveu sobre estes temas, para a revista Plano Focal (1953), da qual foi chefe de redação. Mais tarde, publicou vários livros sobre cinema, em que se destacam “O argumento cinematográfico” (1956), “A realização cinematográfica” (1957) e “O que é o cinema” (1960). Durante a década de 1960, realizou o filme “Dom Roberto” (1962), que recebeu, em Cannes, na semana da crítica, os prémios da Jovem Crítica e da Associação do Cinema para a Juventude. Orientou o Curso de Cinema Experimental, no Cineclube do Porto (1965). Deu aulas (1967-1970) nas disciplinas de Técnicas da Comunicação e Estética do Teatro e do Cinema, no Curso de Formação Artística da Sociedade Nacional de Belas-Artes. Entre 1969 e 1972, filmou o filme “Almada, um nome de guerra”, no atelier de Almada Negreiros, que, juntamente com o exercício teatral “Nós não estamos algures” (1969) e o projeto mixed media “Luíz Vaz 73”, tiveram a influência do movimento artístico Fluxus, onde travou amizade com Robert Filliou e Wolf Vostell. Ainda nesta década, publicou vários livros sobre o neorrealismo em Portugal, como são exemplo, os títulos “Júlio Pomar” (1960), “Lima de Freitas” (1961) e “A pintura portuguesa neo-realista” (1965). Organizou, ainda, exposições de arte: Exposição de Arte Africana (1961); Quatro Artistas Populares do Norte: Barristas e Imaginários (1964), com Rosa Ramalho, entre outros. Durante a década de 1970, foi participante ativo em redes de arte postal, igualmente influenciadas pelo movimento Fluxus, tendo contribuído para várias publicações coletivas internacionais. Até aos anos 80 do século XX, continuou a sua intensa atividade artística, idealizou projetos expositivos (O teu corpo é o meu corpo, em 1972), foi curador (Projectos-Ideias, em 1974; Alternativa Zero, em 1977), organizador (Onze artistas portugueses em Milão, em 1978) e participante (“Tu cuerpo es mi cuerpo / Mi cuerpo es tu cuerpo”, em 1978) em exposições (Portuguese Video Art, em 1981; Atitudes Litorais, em 1984; Itinerários, em 1987), congressos (AICA, na Polónia, em 1975), conferências (Arte-Processo ou Artes da Acção, em 1978), dirigiu a galeria Diferença (1978-1987). Isabel Alves, viúva do artista, descreveu-o, numa entrevista, como “um artista em frenesim permanente (…) nunca estava no presente, estava sempre no futuro. Porque o presente já não lhe interessava, estava feito” (Público, 2012). O seu espírito aberto e polémico fê-lo entrar, muitas vezes, em conflito com as ideias político-culturais da época, sendo, por isso, preso quatro vezes pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE). O espólio da sua autoria é multifacetado, tal como foi toda a sua vida, sendo composto por documentos fotográficos, filmes, cartazes, documentação escrita, biblioteca e registos sonoros. Como colecionador, procurou, também, obras diversas de outros autores. Ernesto de Sousa morreu a 6 de outubro de 1988.Lugares:LisboaParisMadridMoscovoCannesPortoCoimbraCáceresPolóniaMilãoBarcelonaNova IorqueGenebraJugosláviaMarrocosArgéliaFunções, ocupações e actividades:FotógrafoCuradorCríticoEnsaístaRealizador de cinemaEscritorProfessorArgumentistaIdentificador(es) da instituição:PT/AMLSBRegras e/ou convenções:ISAAR (CPF) - Norma Internacional de Registo de Autoridade Arquivística para Pessoas Coletivas, Pessoas Singulares e Famílias: adotada pelo Comité de Normas de Descrição, Camberra: Australia, 27-30 de outubro de 2003. Conselho Internacional de Arquivos.ODA - Orientações para a Descrição Arquivística: Grupo de Trabalho de Normalização da Descrição em Arquivo. Lisboa: Direção Geral de Arquivos, 2011.Línguas e escritas:PortuguêsFontes:Ernesto de Sousa [Em linha]. [Consult. em 20/12/2021]. Disponível na Internet: https://www.ernestodesousa.com/