Plano de classificação

Tipo de entidade:Pessoa singularIsabel de Aragão e Castela. 1470-1498, rainha consorte do rei Manuel IData(s):1470-10-02 (nascimento)1481 (entrega de D. Isabel para terçarias em Moura)1490 (casamento com o príncipe D. Afonso)1491 (morte de D. Afonso)1497 (casamento com D. Manuel I)1498 (partida de D. Manuel e da rainha para Castela)1498 (fundação da Misericórdia de Lisboa pela rainha)1498 (nascimento de D. Miguel da Paz e morte da rainha)1498-08-23 (morte)História:Isabel de Aragão e Castela nasce a 2 de outubro, de 1470, em Dueñas (Valhadolid). É a filha mais velha de Isabel de Castela e de Fernando de Aragão. Nasce num período de tensão política e militar, pelo que o meio-irmão de sua mãe, Henrique IV, não aprovando o casamento dos seus pais, inicia um conflito para expulsá-los de Castela. Por isso, Isabel nasce num castelo propriedade de um nobre da fação política materna. Ao contrário do que é costume à época, é entregue a um nobre para desenvolver a sua educação, o que lhe permite acompanhar de perto as decisões dos seus pais. Presume-se que tenha construído uma personalidade idêntica à de sua mãe, ou seja, muito rigorosa nos assuntos de Estado e de protocolo. Chega a Moura em 11 de janeiro, de 1481, para ser educada com o seu futuro marido, o príncipe D. Afonso, cinco anos mais novo. A educação é entregue a D. Beatriz, duquesa de Beja. Em 1483, finalizadas as terçarias, voltando para o séquito de sua mãe. Há registo do acompanhamento que faz com a sua mãe nas entradas régias de 1486, no arraial de Illora, em 1487, nas cidades de Córdova, Málaga, Baza e Almería. Em 1490, os reis católicos casam Isabel, que estava prometida ao herdeiro do trono português, desde 1479, pelo Tratado de Alcáçovas-Toledo. O interesse deste matrimónio era mútuo, na medida em que a paz entre os dois reinos era precária, mas também poderia servir como instrumento de espionagem junto da corte portuguesa, pois nesta altura se discutia a possibilidade de um casamento de Joana de Trastâmara, que poria em causa a sucessão do trono de Castela. O casamento de Isabel, com o príncipe Afonso, é realizado em Sevilha, seguindo ambos para Portugal, onde chegam a Évora, em novembro, com grandes festejos por parte da população, extensíveis a Lisboa, nesta altura a braços com um surto uma peste. Os festejos prolongam-se por quinze dias, com vários banquetes, torneios e justas para ajudar a financiar a cerimónia, tendo mesmo o rei convocado cortes para pedir aos povos um empréstimo em dinheiro. Após a realização das festas e com a chegada do inverno à cidade de Évora, e um possível episódio de envenenamento de D. João II, a corte parte para Santarém, onde são recebidos com a mesma solenidade festiva. A princesa parecia merecer a aprovação de D. João II, o qual decide promover a realização de duas anuidades ou assentamentos. Portugal vive tempos de paz e de alguma prosperidade até que, em 1491, este clima é abalado quando a corte se encontrava em Almeirim. D. João II desafia o filho para irem nadar ao rio, ao que este recusa, considerando antes participar numa corrida a cavalo, opção que se revelou crítica, tendo o animal caído violentamente sobre si, ficando inconsciente. O príncipe é levado para uma casa local, D. Isabel os reis acorrem ao lugar, na esperança de que o príncipe se recompusesse, mas recebem a notícia de que não havia nada a fazer. O príncipe morre. Entretanto, D. Isabel volta a casar, desta vez com D. Manuel, em outubro, de 1497, que sucede no trono a D. João II. Este casamento foi igualmente aprovado pelos reis católicos, considerando o monarca português um aliado importante, e também porque Castela necessitava de garantir uma certa parcialidade na relação entre Portugal e a França. As respetivas capitulações são assinadas a 30 de novembro, de 1496, das quais podemos destacar dez: 1. Casamento por palavras de presente teria lugar nove dias depois da capitulação; 2. Consumação do casamento num prazo de seis meses posteriores à capitulação; 3. Dote constituído por 53 333,33 dobras castelhanas, mais 17 mil dobras que a princesa tinha recebido de arras; 4. O novo marido pagaria 17 mil arras quer houvesse filhos do casamento ou não; 5. O rei dava como segurança a cidade de Viseu e vila de Montemor-o-Novo; 6. Se o matrimónio fosse dissolvido, a princesa receberia a totalidade do dote; 7. Os pais da noiva contribuíam com o enxoval; 8. Uma vez que Alenquer, Óbidos e Sintra Aldeia Galega estavam na posse de D. Leonor, esta receberia o seu valor nas alfândegas de Lisboa; 9. Reafirma-se o teor das pazes de Alcáçovas; 10. Outras cláusulas típicas destes contratos e que já estavam inscritas por força do primeiro casamento: naturalidade portuguesa e abandono do país em caso de morte do seu marido e rei. Posto isto, seguem ambos para Castela, para serem jurados herdeiros das duas coroas. D. Isabel encontrava-se grávida no início de 1498. Em agosto desse ano, no dia 23, nasce o príncipe D. Miguel, em Saragoça. Poucas horas depois, é D. Isabel que morre por ter sofrido várias hemorragias. O seu corpo é entregue aos frades de S. Francisco. Desta forma, D. Manuel é forçado a abdicar dos títulos de Aragão e Castela, regressando a Lisboa. D. Miguel da Paz fica no país vizinho para ser educado pelos avós maternos, pois estes depositavam em si grande esperança. Contudo, o infortúnio da morte acaba por tomar conta do seu destino ainda no primeiro ano de vida. De certa maneira, foi o fim do sonho da União Ibérica.Lugares:DuenãsValhadolidToroMedina del CampoMouraSevilhaSantarémAlmeirimÉvoraLisboaSaragoçaFunções, ocupações e actividades:Rainha de Portugal Identificador(es) da instituição:PT/AMLSBRegras e/ou convenções:ISAAR(CPF)PORTUGAL. Direcção-Geral de Arquivos. Grupo de Trabalho de Normalização da Descrição em Arquivo - Orientações para a descrição arquivística. 2ª v. Lisboa: DGARQ, 2007. ISBN 978-972-8107-91-8.NP 405-1. 1994, Informação e Documentação - Referências bibliográficas: documentos impressos. Lisboa: IPQ.Línguas e escritas:PortuguêsFontes:SÁ, Isabel dos Guimarães - Duas irmãs para um rei: Isabel de Castela (1470-1498). Lisboa: Círculo de Leitores, 2012. pp. 11-108.