Plano de classificação

Tipo de entidade:Pessoa singularAthouguia, Ruy Jervis d'. 1917-2006, arquitetoOutras formas do nome:Rui d'AthouguiaRui Jervis d'AthouguiaRui Jervis de AthouguiaRui Jervis de AtouguiaRui Jervis AtouguiaRuy Jervis de AthouguiaRui Sequeira Manso Gomes Palma Jervis de Athouguia Ferreira Pinto BastoRuy Sequeira Manso Gomes Palma Jervis d'Athouguia Ferreira Pinto Basto4.º visconde de AthouguiaHistória:Ruy Jervis d’Athouguia nasceu em Macau, em 1 de janeiro de 1917, filho de Manuel Jervis d’Athouguia Ferreira Pinto Basto e de Emília Sequeira Manso Gomes Palma. Ingressou no curso de Arquitetura na Escola de Belas-Artes de Lisboa, após finalizar os estudos do ensino secundário no Colégio Militar (1927-1936). Em 1940, solicitou transferência para a Escola de Belas-Artes do Porto, onde concluiu o curso de Arquitetura, em 1944. Nesse ano, regressou a Lisboa e iniciou a sua atividade profissional no atelier de Veloso de Reis Camelo. Posteriormente, trabalhou com os arquitetos Filipe Nobre de Figueiredo e Jorge Segurado, e também com Sebastião Formosinho Sanchez, com quem viria a desenvolver vários projetos. Apresentou a prova de Concurso para a Obtenção do Diploma de Arquiteto (CODA), em 1947, obtendo, no ano seguinte, o diploma, com a classificação de 18 valores. Entretanto, casou com Maria Domingas Pepulim, com quem teve seis filhos. Em 1969, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Santiago da Espada e, em 2003, Ano Internacional da Arquitetura, foi distinguido com o Prémio de Arquitetura da Associação Internacional dos Críticos de Artes (AICA), ano em que o Palácio Galveias acolheu uma exposição retrospetiva da sua obra, promovida pela Ordem dos Arquitetos. A sua condição aristocrática (foi 4.º visconde de Athouguia, título atribuído pelo Conselho de Nobreza) permitiu-lhe o precoce convívio e amizade com figuras relevantes da sociedade portuguesa, que se viriam a tornar seus clientes, sendo que os primeiros trabalhos que realizou foram encomendas particulares de amigos e familiares, sobretudo na zona de Cascais. Ruy Jervis d’Athouguia trabalhou sempre como profissional liberal exceto quando, por breves períodos, exerceu funções na Câmara Municipal de Cascais, foi consultor urbanista nas Câmaras Municipais do Montijo e de Beja, ou quando dirigiu o gabinete técnico da firma Habitat (Algés). Em regime de profissão livre, efetuou cerca de 250 projetos, de unidades e de conjuntos, respondendo a diversos programas e tipologias, nomeadamente de habitação unifamiliar ou plurifamiliar, edifícios escolares, instalações de serviços públicos e privados, equipamentos culturais e de lazer, estudos e planos de urbanização e de reordenamento, bem como participou em diversos concursos públicos. Entre os projetos de edifícios de habitação construídos, destacou-se a Célula 8 do Bairro de Alvalade (1949-1954), o designado Bairro de São João de Deus, que ficaria conhecido como o Bairro das Estacas. Este conjunto, que seguiu de perto os princípios proclamados na Carta de Atenas (manifesto urbanístico produzido no âmbito do IV CIAM-Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, em 1933, e publicado em 1942), foi realizado em coautoria com Sebastião Formosinho Sanchez. Em 1954, foi distinguido na II Exposição Internacional de Arquitetura, integrada na II Bienal de São Paulo (1953-1954), sendo o respetivo júri constituído por José Lluis Sert, Alvar Aalto, Ernesto Nathan Rogers, Oswaldo Bratke, Affonso Reidy e Lourival Gomes Machado, o que originou uma significativa divulgação internacional da sua obra em revistas da especialidade. Em 1955, a Câmara Municipal de Lisboa atribuiu-lhe o Prémio Municipal de Arquitetura. No âmbito do Plano de Urbanização do Bairro de Alvalade, projetou, ainda, a escola primária do Bairro de São Miguel (1956-1957), atual EB1 Bairro de São Miguel, classificada como Monumento de Interesse Público (Portaria n.º 813/2022, de 22 de novembro), o Grupo Escolar da Célula 8 (1957-1961), atual EB Teixeira de Pascoais, e o Liceu Masculino de Alvalade, atual ES Padre António Vieira (1958-[1965]). Da sua vasta obra, construída ou projetada, em quase todo o território nacional, com maior incidência na região de Lisboa, nomeadamente no concelho de Cascais, destaca-se ainda o conjunto arquitetónico da sede, museu e jardins da Fundação Calouste Gulbenkian, desenvolvido com os arquitetos Alberto Pessoa, Pedro Cid e Ribeiro Telles, ao qual, em 1975, foi atribuído o Prémio Valmor e, em 2010, a classificação de Monumento Nacional/ZEP (Decreto n.º 18/2010, de 28 de dezembro). O trabalho desenvolvido por Ruy Jervis d’Athouguia, que se manteve à margem das questões políticas do seu tempo, afirmou-se pela negação das tendências nacionalistas ou vernaculares da arquitetura do regime, privilegiando os princípios da modernidade, tendo sido um dos pioneiros na aplicação do espírito da Carta de Atenas. O conjunto da sua vasta obra é incontornável no contexto da produção arquitetónica moderna em Portugal. Ruy Jervis d’Atouguia faleceu em Lisboa, em 21 de julho de 2006.Regras e/ou convenções:ISAAR (CPF) - Norma Internacional de Registo de Autoridade Arquivística para Pessoas Coletivas, Pessoas Singulares e Famílias: adotada pelo Comité de Normas de Descrição, Camberra: Australia, 27-30 de outubro de 2003. Conselho Internacional de Arquivos.NP 405-1:1994 - Informação e Documentação. Referências bibliográficas: documentos impressos: Comissão Técnica 7. Lisboa: Instituto Português da Qualidade, 1994.ODA - Orientações para a Descrição Arquivística: Grupo de Trabalho de Normalização da Descrição em Arquivo. Lisboa: Direção Geral de Arquivos, 2011.Fontes:PEDREIRINHO, José Manuel - "Athouguia, Ruy Jervis". In Dicionário dos arquitectos activos em Portugal: do século I à actualidade. Porto: Afrontamento, 1994. p. 61. ISBN 972-36-0348-9.