Plano de classificação

Tipo de entidade:Pessoa singularMonteiro, Karin. 1939-, fotógrafaHistória:Karin Monteiro nasceu em 1939, na Cidade do Cabo (Cape Town), África do Sul. Filha de um médico emigrado da Alemanha e mãe sul-africana de ascendência francesa. De 1940 a 1956 viveu no Sudoeste Africano, atual Namíbia. Completou a escola secundária em Springfield Convent (Dominicano), na Cidade do Cabo sendo-lhe permitido substituir a prática de desporto por lições de ballet clássico. Terminada a escola secundária, ingressou na Escola de Ballet do Conservatório de Música da Universidade da Cidade do Cabo. Paralelamente frequentou cursos de História da Arte, Pintura e Desenho e Literatura Inglesa, na Escola de Belas Artes da mesma universidade. De 1956 a 1975 viveu em Moçambique. Casou com um cidadão português adquirindo a nacionalidade portuguesa. Teve dois filhos, ambos nascidos em Lourenço Marques, agora Maputo. Em Moçambique formou uma escola de ballet, com o propósito de alargar a educação escolar dos alunos, para um interesse prático em dança, música e pintura e de integrar a cultura e a música tradicional moçambicanas, no treino formal básico de ballet clássico. Durante esse período inscreveu-se no Curso de Belas Artes (University of South Africa) por correspondência. Paralelamente frequentou os cursos práticos de pintura e desenho orientados localmente pelo pintor António Quadros. Curso interrompido ao 3º ano em 1975. A independência do governo de Lisboa em 1975, ocorrida de uma forma repentina e confusa, trouxe inicialmente uma nova forma de ditadura. Se perante o sistema colonial os moçambicanos tinham muito fracos recursos à lei, a independência trouxe uma situação, se bem que temporária, na qual a sociedade civil em geral se sentia ainda mais desprotegida. O projeto de dança e os estudos foram suspensos. Nesse confuso período de transição, ainda em Lourenço Marques, teve início o interesse de registar em fotografia os ambientes e as gentes que a rodavam. De 1975 a 1977 trabalhou como repórter fotográfico em Johannesburg, para o jornal diário Beeld, com destaque para o levantamento estudantil em Soweto em 1976. Ainda em 1976 e 1977 trabalhou como fotógrafa interina para um consórcio de revistas, 'Nasionale Tydskrifte' com publicações de actualidade, de decoração e de entretenimento. Em 1977 empreendeu, a partir de Moçambique, uma viagem à então União Soviética com artigos e fotografias publicados. No mesmo ano regressa à África do Sul e trabalha como fotógrafa freelancer com o correspondente para Direitos Humanos do jornal Rand Daily Mail. Durante esse período produziu trabalhos fotográficos para agências de publicidade em Johannesburg. Em 1978 realizou uma reportagem audiovisual, em diapositivos, a pedido da Igreja Católica, sobre os efeitos da deslocação de pessoas, consideradas «não Europeias», do centro da Cidade do Cabo, (District 6), para uma periferia distante prescrita pelo sistema político de 'apartheid'. Este trabalho resultou num áudio visual exibido em circuito itinerante pela Igreja Católica na África do Sul. Em seguida viajou para Portugal, (Lisboa), onde trabalhou contratada como fotógrafa, para diversas empresas, entre as quais: Companhia Nacional de Petroquímica, Epsi, Carbogal (Foster-Wheeler, Paris), e Petrogal, nos estaleiros de Sines e nas sedes em Lisboa. Executou trabalhos fotográficos para o Teatro Nacional, retratos de atores e um cartaz para a peça «Baal», com Mário Viegas, para João Lourenço. Foi por duas vezes consecutivas fotógrafa residente para a Biennale de Cerveira (dir. Jaime Isidoro). Durante esse período colaborou num trabalho fotográfico para o livro «Empedrados artísticos de Lisboa», da autoria do arquiteto Eduardo Bairrada, com imagens das calçadas da cidade e de quem passava por elas. Como correspondente da revista «New African» (Londres), - fotografias e textos - realizou duas viagens a Moçambique. Na primeira ida, acompanhou a visita do então Primeiro-Ministro de Portugal, Francisco Pinto Balsemão, em viagem oficial a Moçambique. A segunda viagem, com estadia prolongada em Moçambique, foi a convite do Ministério de Informação em Maputo. Além de fotografia e texto para a «New African», realizou uma ida à Ilha de Moçambique, a pedido do Ministério de Informação, para o levantamento fotográfico do estado dos edifícios e infra-estruturas da Ilha. Seguiu-se um trabalho prolongado na Namíbia, na fase de pré-eleições para a independência, com fotografias e texto para a «New African». Em 1990 foi transferida para a Cidade do Cabo (África do Sul) onde acompanhou a libertação de Nelson Mandela e os relevantes acontecimentos políticos e sociais, nos quatro anos que antecederam as primeiras eleições gerais na África do Sul. Durante esses quatro anos terminou um bacharelato em Política Económica Africana e Estudos de Desenvolvimento. Regressa a Portugal em 1995. Entre 1998 e 2012 realizou um vídeo-documentário, com filmagens em Moçambique e Portugal, sobre o início da vida, como pintor, de Malangatana Ngwenya: «Malangatana, contador de histórias». Com o início da era digital, interessou-se pela produção de vídeo-documentários low cost, (com filmagem e trabalho de montagem do autor). Teve apoio da Fundação Calouste Gulbenkian e apoio institucional de UNESCO. Em 2009 realizou o documentário «Temples and other stories» para a exposição retrospetiva no Centro Cultural de Belém, do Arquiteto Amâncio Miranda Guedes, mais conhecido por Pancho Guedes. Após 2012 retirou-se da vida ativa como fotojornalista. Vive atualmente entre Moçambique e Tavira, em Portugal. Dedica-se à organização do seu arquivo fotográfico, agora já com algum interesse histórico.Identificador(es) da instituição:PT/AMLSBRegras e/ou convenções:ISAAR(CPF)Línguas e escritas:PortuguêsFontes:Dados biográficos cedidos pela Karin Monteiro.