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Tipo de entidade:
Pessoa singular
Benarus, Arthur Bensabat. 1861-1926, comerciante e fotógrafo amador
Outras formas do nome:
Benaruf (?)
Artur Bensabat Benarus
Data(s):
1861 (nascimento)
1886 (participação na Exposição Internacional de Fotografia do Porto)
1886 (atribuição da Menção Honrosa no âmbito de uma exposição internacional, na secção de fotógrafos amadores)
1888 (participação na Exposição Nacional das Industrias Fabris)
1889 (atribuição do Diploma de Menção Honrosa na secção de Photographia, pela participação na Exposição Industrial Portuguesa de 1888)
1926 (morte)
História:
Arthur Bensabat Benarus nasceu em Angra do Heroísmo em 1861. Era filho de Abraham Bensabat Benarus e de Emma Gasper Bensabat, e irmão de Adolfo Benarus. Mudou-se com a família para Lisboa em 1865. Nesta cidade foi comerciante com casa na Rua do Poço do Borratém, n.º 4. 2.º, e entre outras atividades, foi representante de espumantes das Caves da Rapozeira (Lamego), das Águas Bem Saúde, da fábrica de manteiga Nandufe (de Tondela) e da marca francesa Decauville Aine, que comercializava aplicações eléctricas e ferroviárias. As suas imagens foram divulgadas na Exposição Internacional de Fotografia do Porto, realizada no Palácio de Cristal em 1886. Nesse ano foi publicada a notícia no periódico A Vida Moderna de ter recebido a Menção Honrosa num concurso. Pertenceu à Academia de Amadores Photographicos. Faleceu em Lisboa em 1926.
Lugares:
Angra do Heroísmo
Lisboa
Porto
Funções, ocupações e actividades:
Fotógrafo amador
Comerciante
Contexto geral:
Depois do atraso que Portugal viveu na primeira metade do século XIX causado pela saída da corte para o Brasil, pelas invasões francesas e pelas guerras civis entre liberais e absolutistas. Em 1851, o golpe de estado levado a cabo pelo marechal duque de Saldanha, que depôs Costa Cabral e deu origem a uma nova etapa do liberalismo, inicia um período de paz, estabilidade política e progresso económico, apesar do crescimento da dívida externa, denominado por Regeneração e cuja figura central é Fontes Pereira de Melo. A política por este encetada, que virá a ser conhecida por Fontismo, dá prioridade ao desenvolvimento dos meios de comunicação e transportes por considerar serem as infraestruturas essenciais para a modernização e para o desenvolvimento económico. São construídas estradas macadamizadas e linhas de caminho de ferro, que se expandem pelo país levando consequentemente à construção de pontes e à abertura de túneis. Em 1856, é inaugurado o primeiro troço de caminho de ferro, Lisboa-Carregado e em 1887, dá-se início ao serviço internacional do "Sud-Express" que liga Paris-Madrid-Lisboa. O telégrafo elétrico e o telefone são também implantados. Deste modo, Portugal fica mais perto do centro da Europa o que permite uma mais rápida divulgação de ideias, jornais e revistas. Nas Conferências do Casino, que se realizam em Lisboa, em 1871, é debatido pelo grupo do Cenáculo ou Geração de 70, o pensamento moderno da Europa, sendo considerada indispensável a transformação política, económica e religiosa da sociedade portuguesa de modo a que Portugal se coloque ao nível europeu. No entanto, no final do século XIX, Portugal continua a ser um país maioritariamente agrícola. Devido à insuficiente produção industrial, as importações continuam a aumentar em relação às exportações, apresentando uma balança comercial deficitária. Para ultrapassar esta situação, o Estado pede empréstimos externos e aumenta os impostos. Também a grave crise financeira e económica que se instala na Europa na década de 1890 afeta fortemente o país. Bancos e empresas vão à falência ou enfrentam graves dificuldades. Os baixos salários com horas excessivas de trabalho e o desemprego são uma consequência deste cenário. Face a isto, o descontentamento social instala-se. Esta conjuntura associada à posição da monarquia em relação ao Ultimato inglês, em 1890, que cede à exigência inglesa referente à posição de Portugal no mapa cor-de-rosa, em África, leva ao desalento da população, contribuindo para que a monarquia constitucional, instaurada pela Constituição Política da Monarquia Portuguesa de 1822, assente no parlamentarismo bipartidário entre Partido Progressista Histórico e o Partido Regenerador (rotativismo) entre em crise. Entretanto, o desejo pelo derrube da Monarquia e pela implantação da República encontra-se já em ebulição no seio do partido Republicano, fundado em 1876. A primeira tentativa de implantação da República dá-se no Porto em 31 de janeiro de 1891 mas é impedida pela guarda municipal. A partir da última década do século XIX, os desentendimentos no seio do Parlamento causados pelos partidos vigentes no governo levam a que o rei D. Carlos, em 1906, entregue o governo do país a João Franco. A sua governação ditatorial e repressora é contestada tanto pelos republicanos como pelos monárquicos. A insatisfação em relação ao desempenho da monarquia é incontornável, levando a um trágico desfecho, com o assassinato do rei e do seu primogénito, em 1908. O sucessor, o jovem rei D. Manuel, não consegue recuperar a imagem da monarquia, contribuindo, com a liberdade política cedida, para que os republicanos se afirmem como a alternativa para o governo do país. Em 5 de outubro de 1910, a revolução republicana consegue a implantação da República. Consequentemente, a família real parte para o exílio. Até 1911 Portugal é liderado pelo Governo Provisório, ano em que é votada pela Assembleia Nacional Constituinte a Constituição Política da República Portuguesa e é eleito o primeiro presidente da república. Porém, a vida da República assim como a situação social e económica do país são comprometidas pela falta de estabilidade política causada pelos sucessivos governos, cuja atuação provoca conspirações, golpes militares e atentados à bomba e pela conjuntura internacional desencadeada pela primeira Guerra Mundial (1914-1918), sobretudo pela participação de Portugal neste conflito bélico, com o intuito do novo regime se afirmar internacionalmente e com o pretexto de defender as suas colónias em África, ameaçadas pela Alemanha. Em 1917, Sidónio Pais, contestatário do governo do Partido Democrático, querendo tomar o rumo do país, lidera um revolta militar e instaura uma ditadura militar. Todavia, é assassinado no ano seguinte e a situação do país continua decadente pelos permanentes desentendimentos políticos entre republicanos e monárquicos, pelo agravamento da crise financeira, pela inflação e pelas sucessivas greves e atentados. Os republicanos, continuando a demonstrar não serem a solução de governo do país, contribuem para uma revolução militar em 26 de maio de 1926, instalando-se um governo de ditadura que pôs fim à Primeira República.
Identificador(es) da instituição:
PT/AMLSB
Regras e/ou convenções:
ISAAR (CPF) - Norma Internacional de Registo de Autoridade Arquivística para Pessoas Coletivas, Pessoas Singulares e Famílias: adotada pelo Comité de Normas de Descrição, Camberra: Australia, 27-30 de outubro de 2003. Conselho Internacional de Arquivos.
ODA - Orientações para a Descrição Arquivística: Grupo de Trabalho de Normalização da Descrição em Arquivo. Lisboa: Direção Geral de Arquivos, 2011.
Línguas e escritas:
Português
Fontes:
FLORES, Victor - A Terceira imagem - A Fotografia Estereoscópica em Portugal [versão digital resumida]. Lisboa: Sistema Solar CRL; 2016. [Em linha].[Consult. 2017-11-22]. Disponivel em WWW: <URL: https://issuu.com/sistemasolar/docs/a_terceira_imagem_versa__o_digital/72
FLORES, Victor, ed. lit. - A terceira imagem : a fotografia estereoscópica em Portugal : stereo photography in Portugal. Lisboa : Sistema Solar-Documenta, 2019. 321 p.. ISBN 978-989-8834-22-5
Cabral Moncada Leilões, 17 de setembro de 1999, informação prestada via telefone ao AML.
VALLE, Arthur ; DAZZI, Camila ; PORTELLA, Isabel - Oitocentos - Tomo III : Intercâmbios culturais entre Brasil e Portugal. 2ª ed. Rio de Janeiro: CEFET/RJ, 2014. [Em linha]. [Consultado em 2016-03-18]. Disponível em WWW: http://www.dezenovevinte.net/800/tomo3/index_arquivos/Oitocentos%20Tomo%203%20-%2024.pdf
TAVARES, Emília (2010). “O retrato: entre pose e poses, entre a fotografia e a pintura” in Columbano. Leya / MNAC-MC
FRANCO, Hugo (2011) - Os anúncios na imprensa periódica portuguesa - da grande depressão à II Guerra Mundial. Dissertação de mestrado em História Contemporânea. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas. Universidade Nova de Lisboa.
MERELIM, Pedro de - Os hebraicos na Ilha Terceira. 2ª ed.Angra do Heroísmo : [Direção Regional dos Assuntos Culturais], 1995.300 p.
Exposição Industrial Portugueza de 1888 - Mapa das Recompensas Conferidas. Diário do Governo nº183, de 17 de agosto de 1889, pag.11 [Em linha]. [Consult. 2022-04-07]. Disponivel em WWW: https://digigov.cepese.pt/pt/pesquisa/listbyyearmonthday?ano
Registos adjacentes
- Arruda, Miguel. 1947-, arquiteto
- Sousa. Rui Morais de, 1955-, fotógrafo
- Basilico, Gabriele. 1944-, fotógrafo
- Cruz, José Chaves. 1870-1947, engenheiro e fotógrafo amador
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